“O pai tá na cabeça”

Hoje eu resolvi fazer uma postagem a la “Sex and the City”, meio “Nova”, meio “Marie Claire”, pra falar sobre relacionamentos. Ou melhor, sobre desencontros.
Mas esse assunto só veio à tona exatamente porque reencontrei um amigo de infância, uma pessoa só com ideia certa e que, assim como eu, está tentando achar um meio termo pra viver sustentavelmente em uma sociedade insustentável.
Pois bem, no meio de um destes papos eu contava sobre um episódio maluco que até agora não digeri, com uma das poucas pessoas com quem eu não soube lidar na vida.
Eis que ele, analisando a história com uma paz de espírito que almejo, questionou: “Não sei se estou criando uma novela, mas já passou pela sua cabeça que esse cara talvez gostasse de você?”.

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Sim. Passou. Mas não entendo. Não vejo razão para pessoas que gostam de alguém reagirem de forma tão estranha ao próprio interesse, quando este deveria ser o sentimento mais livre e transformador entre todos. É mais comum do que deveria ser esse “Quer, não quer, pode, não pode, quer mas não pode, pode mas não quer, um passa a querer o que o outro desquer e esse só vai querer novamente com a desquerência do outro”, como já escreveu Adriana Falcão em “A Máquina”.

E se não pode, tudo bem. Segue o baile. Especialmente se o impedimento for porque já há outra pessoa, não tem o que discutir. Afinal, ninguém mais é obrigado pelo pai a se casar, então se um casal está junto é porque se sente feliz. Ao menos, eu tento acreditar nisso.
Foi o que eu disse a meu amigo, que soltou a frase que dá título a esse texto: “Nem sempre. Agora o pai está na cabeça”. Gênio.

O triste fim de todas essas histórias de desencontros é que, ao contrário do mote pra filmes de Hollywood em que o mocinho e a mocinha se esbarram, se estranham por 90 ou 120 minutos até dar certo, na vida real não é assim. Ambos precisam ceder, e raramente isso acontece de forma coordenada.

É balela dizer “azar o dela(e)”. Todo mundo perde quando pessoas que se interessam de verdade umas pelas outras não conseguem se entender. Ninguém precisa conviver numa sociedade de casais pragmáticos. Precisamos de verdade circulando por aí.

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